domingo, 27 de fevereiro de 2011

Nunca progredindo, sempre parado preso naquela rotina que não o levava a lugar algum. Sem ambições, sem alegrias, sem um real motivo para viver. O que tinha dentro de si? Culpa, ressentimento e dor. E essa culpa o perseguia aonde quer que fosse porque ele sabia que o único culpado daquilo era ele, e os outros apenas viviam tendo de agüentar a conseqüência de seus atos impensados os atingirem.
   E disso surgia o ressentimento, porque ele sabia que fazia os outros sofrerem, que os machucava tanto quanto a si mesmo, e a dor que todos sentiam era irreparável, como um suicídio; torturante psicologicamente, devastador emocionalmente e doloroso fisicamente. Não tinha para onde fugir, não quando aquilo que mais o maltratava estava sempre com ele em sua mente e coração. Sendo assim atingir aos outros era algo inevitável.
   A dor que sentir e afligia a todos vinha de si, de seu casamento infeliz, do amor bandido e de seu problema. E a junção de tudo isso em seu íntimo o levava a loucura, porque lá estava ele vindo o destruir, nós despedaçar novamente. Sentia-se um idiota e isso o fazia cair tão depressa e foi assim que tudo terminou.
   Casou-se jovem, atingiu a fama ainda novo e morreu igualmente imaturo.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Rooney - I Can't Get Enough ♥



I tell you yes but you tell me no, I ask you why, you never let me know. You close your eyes, I hold you tight, but it's no surprise, I got no where to go. Even if I try try, If I lie, you're never gonna leave, leave me alone. I'm going home, you call my bluff. I can't get enough, can't get enough ♫

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Soneto da Mulher Ideal, Vinicius de Moraes.

Pra fazer poesia 
Tem que ter inspiração 
Se forçar ...
Nunca vai ficar boa .

Se não..
É como amar uma mulher só linda
E dai !??

Uma mulher tem que ter alguma coisa além da beleza
Qualquer coisa feliz
Qualquer coisa que ri
Qualquer coisa que sente saudade.

Um pedaço de amor derramado
Uma beleza ...
Que vem da tristeza 
Que faz um homem que como eu sonhar.

Tem que saber amar 
saber sofrer pelo seu amor
E ser só perdão.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Pitty - Só Agora.

Baby, tanto a aprender
Meu colo alimenta você e a mim
Deixa eu mimar você, adorar você
Agora, só agora

Porque um dia eu sei
Vou ter que deixá-lo ir.

Sabe, serei seu lar se quiser
Sem pressa, do jeito que tem que ser
O que mais posso fazer
Só te olhar dormir

Agora, só agora
Correndo pelo campo
Antes de deixá-lo ir.

Muda a estação
Necessários são
Você a florescer
Calmamente, lindamente.

Mesmo quando eu não mais estiver
Lembre que me ouviu dizer
O quanto me importei
E o que eu senti

Agora, só agora
Talvez você perceba
Que eu nunca vou deixá-lo ir
Que eu nunca vou deixá-lo ir
Eu não vou deixá-lo ir .

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Vamos Brincar de Ser Feliz, por Dhaisa Souza.

Vamos brincar de ser feliz. E isso já nos basta.” Este era o contrato. Diversão sem sentimentos. Só uma relação carnal. Quando precisar conversar, estarei aqui. Quando quiser se divertir, estarei aqui. Mas acima de tudo, você sabe o que eu quero. E sei que você também quer. Então, vamos lá? Foi simples assim. Sem promessas nem ilusões. Tudo muito sincero. Aliás, a sinceridade era a principal base desse relacionamento outrora incomum. E no princípio era o suficiente para ela. Finalmente conseguira o que tanto ansiava. Era uma bela garota, sem exageros. Inteligente, educada, organizada, e justa. Tinha belos seios, coxas grossas e cabelos indescritíveis. Enfim, não lhe custou muito ganhar a atenção do seu desejado. E tê-lo para si, mesmo com essas condições, já era alguma coisa. Melhor do que serem apenas conhecidos. O que ela não sabia, infelizmente, era que não conseguiria conter seu ímpeto por muito tempo. Aquela amizade ampliada não seria suficiente. Sentia algo mais forte, necessitava de uma relação mais completa, mais estável, mais complexa. Amava-o deveras, no entanto, não como agora. O que a movia até seu apartamento assemelhava-se a uma devoção, a uma adoração. Ele tornou-se seu ídolo, no sentido literal. Nada a excitava mais do que ouvi-lo chamar-lhe o nome ou o pseudônimo que usavam para manterem-se sigilosos. E quanto a ele? Conhecia esse sentimento? Não. Sequer poderia imaginar. Ela era ótima atriz, sabia que se ele o soubesse, descartá-la-ia. E isso seria inaceitável. Porque era assim que ele agia. Gostava de ninfetas, como costumava dizer. E nada de relacionamentos sérios. Muito menos com mulheres mais maduras. Não que gostasse de garotinhas, de menininhas infantis. Só que gostava de ensinar, de estar no comando. E se alguma ameaçasse essa liderança, descartava-a. Então, ela disfarçava seu sentimento para continuar tendo acesso ao seu rei. Mas isso a cansava. Estava exausta de tanta dissimulação. Além de imaginar o seu homem com alguma outra garota. Claro, ela o jurou fidelidade enquanto estivessem nessa brincadeira, mas ele não. Ele era viril, poderia muito bem sair com quem quisesse, comer quem bem entendesse. E vê-lo contando seus segredos à outra era torturante. E assim vivia. Torturada pela incerteza, exausta pela mentira. Deus, como sofria! Não dormia, não se alimentava! Estava desatenta, displicente. Porque o seu Rei, o seu Dono, não era somente seu! Ele era de outras, e quantas lá se sabe! Pois bem, queridinha, ele se deita com você, mas não significa que seja seu. Ele pode ser de quem quiser, enquanto você fica como uma tola perto desse maldito telefone esperando por uma porra de uma ligação desse cara. Um cara que conquista todo mundo. Um cara que quer todo o mundo. Um cara que tem o mundo a seus pés. E você não é todo mundo, é? Você não é qualquer uma, não é, queridinha? Você é especial, você deveria ser especial! Mas isso é o que você pensa. Não ele. Esse cara não pensa que você é especial. Ele pensa que você é só mais uma que ele levou ao céu. Só isso. E não é o bastante, é? Não, claro que não é. É necessário mostra-lhe isso! Fazê-lo enxergar que você não é como as outras! E não deveriam existir, essas outras. Ele deve ser seu! Ele é seu, só não sabe disso. Mais uma coisinha para ensiná-lo. Mas como? Como farei isso? Ele é tão cheio e dono de si! Como lhe abrirei os olhos? Como??? Você sabe, queridinha, eu sei que sabe. Já esqueceu o que lhe ensinei? Esqueceu o que viu naquele filme? É loucura! Não, não é. É amor. E não é isso o que sente? Não é o mais puro e sincero amor? Vamos lá, meu bem. Acabe com o seu sofrimento, ponha um fim à tortura.  Ele é seu, somente seu. Vá buscar o que lhe pertence! Resoluta, esperou a próxima ligação. Dessa vez, com um frio na barriga. Estava muito ansiosa. Iria, enfim, ser dona do que sempre fora seu por direito. Ele ligou, afinal. Era noite, o apartamento era amplo, tinha tudo o que necessitaria. Tudo estava perfeito. Nenhum erro. Nada fora do lugar. Entrou no carro, arfando de felicidade. Durante o caminho, revia e revivia. Estava fazendo o certo. Ele pediu por isso. Relacionamento aberto? Quem ele pensa que eu sou? Tenho meu orgulho! Ora, a culpa não é minha. Ele estava perfumado, com aquele sorriso perfeito. O tipo de sorriso que a fazia sorrir, mesmo que só quisesse chorar. Exatamente. Esse era meu homem. Meu, entendeu? Ela não fora objetiva. Gostava de se divertir. Depois de uma boa dose de sexo, algemou-o à cama. Ele não resistiu, era só brincadeirinha! Tudo bem, gata, pode me soltar? Estou meio cansado, daqui a pouco voltamos, tá? Gostaria de um copo d’água antes. Ah, agora não. E por favor, não fique com essa boca tão tensa. Isso me irrita! Sabe que adoro seu sorriso. Sorria para mim, sim? Ah, vamos lá! Um sorrisinho! Obrigada. Vejamos, por onde começo. Ah, deixa-me te explicar. Sabe, eu sempre te quis. Sempre mesmo. E quando você me apresentou a oportunidade de termos algum tipo de relação, algo mais profundo, sequer hesitei. Melhor do que viver pelos cantos com uma paixão platônica. Mas não pude controlar. Realmente tentei. Tentei enxergar como algo sem compromisso. No entanto, você conhece os fulgores da alma de uma mulher. Ainda mais de uma mulher apaixonada, como eu estava. Estou, desculpe pela conjugação errada. É, baby, eu te amo. Nunca percebeu? Obrigada, sei que sou boa atriz. Mas você não ser astuto não é o verdadeiro motivo de estarmos nessa situação. Querido, não imagina a angústia em que eu vivia só de imaginar que estava tocando outra pessoa! Não sabe o quanto essa brincadeirinha de dissimulação me exauriu! Você não me contava com quantas saía e eu não poderia demonstrar ciúmes! Estava sendo devorada pela incerteza, pela dúvida, pelo meu próprio amor! Estava definhando! Era tortura! Sim, uma tortura à qual você me expôs! Você me torturava, com suas frases vagas, com suas noites sozinho, com suas palavras sem futuro! E convenhamos, nada mais justo do que pagar tortura com tortura. Sua voz estava cheia de emoção. Cheia de uma paixão ensandecida. Estavam mergulhados numa atmosfera densa, negra. Respiravam o odor do próprio amor. Ela exalava esse amor por todos os poros. Estava transbordando de excitação, ansiedade, loucura. Tirou da bolsa alguns objetos metálicos, e esse som causou-o arrepios. Despertou-o os instintos. Os instintos mais profundos que ainda restaram das cavernas. Precisava sobreviver. Gritos, choros, juras de amor. Sua força era inútil contra as algemas e grades da cama. Apelava para o sentimental. Mas ela estava impassível. Ama-me? Não, ama-se. Eis a verdade. Você é tão egoísta que não consegue pensar em mais ninguém. Não consegue amar nada além do espelho. Lembra-se do Narciso? Terão destinos semelhantes. Mas você ainda viverá. Viverá dentro de mim, meu amor! Porque é por isso que estou aqui. Você é meu! Sim, sempre foi. Só não sabe disso. Agora é tarde, querido. Agora já sei o que fazer. Empunhava uma faca de dois gumes. Engraçado. Não é o amor, afinal, uma faca de dois gumes? Não podia ele ser sublime e cruel? Portanto nada melhor para aquela execução amorosa. A lâmina afiada percorria-o o corpo, enquanto ela declamava as qualidades de tão amadas células. Em certos pontos, onde uma onda elétrica invadia-lhe o corpo, a ponta perfurava a pele, alguma veia era danificada, e dali escorria um filete de sangue. Ele choramingava baixinho, ela mantinha-se altiva. O rei decaído e a princesa ascendente. Depois do prólogo, o primeiro ato. Tinha agora um alicate de tamanho incomum, assemelhava-se a uma tesoura de jardinagem. Dançava pelo quarto, acariciava seu dono com as pontas dos dedos trêmulos, recitava versos amorosos de grandes autores. Meu amor, sempre gostei dos seus pés. São contraditórios. Delicados e fortes. E para onde eles te levaram? Para encontrar-se com alguma garota. A algum restaurante que nunca me levou. Ao apartamento das suas amantes. Que feio, pés! Como puderam fazer isso comigo? Traíram a mim que sempre lhes dediquei atenção, que lhes cuidei com tanto esmero! Mas essa fase acabou. E eu os perdôo. No entanto, não posso deixá-los impune. Bem que queria mantê-los intactos, são tão bonitos! Mas a carne é fraca, podem cair em tentação novamente. E por precaução, trate de se despedir dos seus dedinhos. Aliás, despeça-se do cérebro, também. Enquanto falava, ia cortando as falanges. Terminou com o tendão do calcanhar. Gritos estridentes eram soltos pelo réu. Sangue quente escorria dos cortes recém-abertos. Estranhamente, salivava ao ter os sentidos inundados pelo cheiro doce e convidativo. Continha-se e prosseguia. Suas mãos. Tão lindas quanto os pés. Lembra-se que costumavam te chamar de princesa por causa das suas mãos? Eu sempre ria. Princesa, você? Qual é! Eles não te conhecem na cama. Mas voltemos às suas mãos. Quantas outras tocaram? Em quantos corpos deslizaram? São traidoras, como os pés! Também não podem ficar impunes! E se foram os dedos. Cortes precisos, bem nas junções das falanges proximal e média. A cada dedo que se esvaia, um grito ensurdecedor e súplicas inúteis. Novamente salivou e não pôde conter-se. Aproximou os lábios do restante dos tocos ensangüentados e sorveu algum líquido. Afogou-se numa onda de êxtase, sentia-se renovada e ainda mais decidida. Não era tão delicioso quanto esperava, no entanto, amou ainda mais aquele homem, porque tudo nele era perfeito, tudo nele a atraía. Meu querido, você é só meu! Então por que procurava outras mulheres? Por que fazia isso comigo? Ah, meu bem! Agora veja o que me obriga a fazer! Sem mais, seguiu corpo abaixo com a ponta do alicate, parando bem ali no meio. Ali mesmo, no orgulho de ostentação de todo macho. O símbolo da virilidade masculina. Os gritos ecoaram pelas paredes. A atmosfera do apartamento era única, diferente do ambiente externo, que estava frio e chuvoso. Ali dentro brilhava uma estrela, soberana e onipotente. Sua exaltação ofuscava a aura gótica e sanguinolenta que envolvia o ex-dono do mundo. Você está pálido, meu bem. O que há? Não gosta da brincadeira? Tudo bem, vamos acabar logo com isso. Não gosto de te ver tão feio assim. Vasculhou na sua bolsa e tirou alguns objetos em embalagens de papel. Eram pequenos, mas não deixou de causar-lhe um arrepio. O que essa louca faria agora? Sentou-se sobre ele e desembalou os objetos. Bisturis. Depois da faca e do alicate, pareciam inofensivos. Mal sabia ele que seriam os mais perigosos. São tão pequenos, não é? A propósito do tamanho, são indispensáveis para um bom serviço. Para situações mais precisas, entende? E deixe-me dizer, realmente queria que houvesse outro meio de fazer isto. Sinto muito ter que macular seu peito impecável. Com um bisturi, fez um grande corte em Y, acima dos peitos e entre eles. Como aqueles feitos para autópsia. Assim podia ter uma visão completa do interior do seu rei. Todavia não estava interessada em pulmões ou estômagos. Aquele órgão pulsante e vermelho era o alvo de todo esse teatro. Afastou as costelas e o esterno. Acariciava o coração como o mais precioso dos diamantes. Era a personificação do seu amor. Ele estava ali, era real, era tangível! Todo o seu homem se resumia nisso. Ali estava tudo o que precisava, tudo o que queria! Ele já não tinha forças para lutar, gritos eram muito cansativos. Súplicas baixinhas eram o que conseguia produzir. O que se sucedeu foi bem prático, sem muito espetáculo. Ela apanhou um frasco circular com formol até a metade e completou-o com sangue do seu amado. Depois, separou o coração da aorta e da cava e o imergiu nesse frasco. Seu troféu estava pronto. Tomou um belo banho quente, estava fatigada de tanta excitação. Não se preocupou em limpar a cena do crime. Para ela, não fora nada demais. Seu objetivo fora concluído com sucesso, estava tudo perfeito. Foi para casa e pôs seu troféu na prateleira, entre seus livros. E ali passara sua vida. Deitada na cama, a observar o seu homem, que agora não era de mais ninguém, não encontrara mais ninguém. Agora ele era somente seu, ela era sua dona, era a sua rainha. Ela o possuía, ela o comandava.
É, baby, as posições de inverteram.